quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Faça você mesmo!

A maior parte de nós vive satisfeita em entregar os desarranjos da nossa vida aos especialistas. Esta publicação não é para a maior parte nós. É para os que têm os bichinhos pelo corpo inteiro, o dom de ressuscitar tudo em que metem a mão, a capacidade de inventar um novo uso para algo estragado para além de reparo ou de duas sucatas fazer algo que funciona.
Cortesia de Markus Keinath, a melhor lista de recursos para o faça você mesmo em fotografia que eu já vi. Bom proveito!

sábado, 18 de novembro de 2017

Tempos interessantes

Considero-me afortunado por ter-me iniciado na fotografia no fim dos anos 80, início dos anos 90. Na práctica, foi como se tivesse começado em plenos anos 70, com o velho material que o meu Pai não usava, uma Canon FTb QL, lentes Tamron da época, laboratório a preto e branco... Foi um período de aprendizagem, tendo-me tornado um verdadeiro auto-didacta, para o bem e para o mal. Em retrospectiva, sinto que se, naqueles primeiros anos, tivesse tido uma mão que me guiasse os passos, talvez toda a minha vida poderia ter sido diferente... Se essa mão chegou existir, foi sem dúvida a do meu amigo Philippe Van Os, um fotógrafo belga que, por vias do destino, veio dar um magnífico workshop em Braga, em meados dos anos 90.
Foi graças ao Philippe que descobri a minha predilecção pela fotografia sociodocumental e pelas Nikon manuais. Estávamos na era pré-telemóvel, pré-internet, pré-digital, pré-euro, pré-família, pré tantas coisas que o século XXI nos descarregou em cima. Bons tempos! Em retrospectiva, aquela época pré excesso de informação foi maravilhosa em termos de aprendizagem. Aprendia-se lendo bons livros, vendo boas fotografias e falando com pessoas fantásticas. Sem acesso a um bom mercado de material usado, foi graças ao Philippe, que me aconselhou e tratou das aquisições, enviando o material de Antuérpia, que consegui reunir algumas lentes fantásticas a preço razoável. Aos poucos, fui comprando o material fotográfico que ainda tenho hoje. Nunca tive dúvidas que tinha sido bem aconselhado mas só agora apreciei o quão realmente tive sorte, quer nos conselhos do meu amigo, quer nas (quase todas) poucas outras compras que fiz.


Da esquerda para a direita: Nikkor 24mm f2.8 Ais, 35mm OC f2.0 (Modif.Ai),
50mm f1.8 Ais, 85 f2.0 Ai, 135mm f2.8 Ais    

(In)Felizmente, o advento da fotografia digital não foi, para mim, a continuação do sistema Nikon. Tudo o que eu tinha era manual, mecânico, sólido, eterno, mas muito pouco dado aos tempos do digital. Para aproveitar as minhas ópticas, teria que adquirir uma Nikon  DSLR com sensor full-frame, vendidas a valores perfeitamente irrazoáveis, enormes, pesadas, um atentado à minha sensibilidade e, com certeza, um retrocesso da minha mui elegante e funcional Nikon FE2.


Nikon Df (€2.750 o corpo) VS Nikon FM2
Todos os créditos da imagem para o autor

Num mundo de opções mais ou menos presas ao passado, pareceu-me mais inteligente adoptar um novo sistema, criado de raiz para a fotografia digital, pelo que adoptei a Olympus e o sistema 4/3. Julgo que foi e é uma grande injustiça que, ainda hoje, a Olympus não tenha conseguido ultrapassar a Canikon (uma brincadeira com o nome dos dois grandes, Canon e Nikon) nas mentes do público. Tecnicamente, é superior em todos os aspectos, com a possível excepção dos modelos full-frame, quando utilizados em fotografia de paisagem. De resto, o sistema é mais coerente, leve, compacto... Mas estou a divagar.
O que interessa saber é que fui fazendo cada vez menos uso das minhas Nikon e belíssimas Nikkor. Pior... Infelizmente, herdei o material do meu Pai, que incluía mais Nikons e Sigmas, Prakticas e Prakticars... Coisas a mais, testemunhos esquecidos da fotografia analógica, no tempo do digital. E, cada vez menos tempo, quer para o laboratório, para a fotografia, para o resto... Portanto, estes anos tenho cumprido a obrigação de arejar periodicamente o espólio, combatendo as pragas do desuso e do armazenamento prolongado. Até que, finalmente, decidi que o que é demais é erro.
Assumi que não ia, previsivelmente, fazer mais fotografia analógica e que perdia o meu tempo a pensar nisso. Assumi que o que não usava na minha vida, por inerência, estava só a fazer monte, a ocupar espaço físico, temporal e mental e que, portanto, a impedir outras concretizações e interesses. Decidi vender.
Mas não consegui levar-me a vender as minhas queridas Nikkor, todas com história, há vinte anos na minha mão. Com excepção das Prakticar (para já), coloquei tudo o resto à venda, Olympus incluído. E comprei um corpo Sony A7 e uns adaptadores para as lentes que tenho.



Sony A7 c/ Nikkor-OC 35mm f2.0

A Sony A7 é a vergonha da Canikon. É a câmara que a Canikon já devia ter feito, que os utilizadores pedem há anos e que, teimosamente, estupidamente, ainda não surgiu: Um corpo digital full-frame mirrorless, com toda a versatilidade mas sem o peso e os inconvenientes de uma DSLR. Não serve para fotografar um carro de F1 que se aproxima a 300km/h? Que chatice... Com a baixa de preço das A7 Mk. I, que foi já substituída  pela Mk. II e Mk. III, adquirir um corpo para quem tem lentes vintage, seja de que marca for, é uma opção simples e (relativamente) acessível. Quase todas as lentes servem, via o adaptador adequado, incluindo as Nikkor antigas. Existem adaptadores para lentes de médio formato, lentes de cinema, CCTV, tudo! Como a máquina não tem espelho e respectiva caixa, a distância entre a sua flange e a flange imaginária dos sistemas que admite é tal que cabe tudo mais um par de botas. Há, até, adaptadores com tilt e shift, tornando acessível um conjunto de ferramentas de fotografia que, até agora, apenas estava acessível a quem tinha bolsos muuuuito fundos. Existe um vídeo no youtube de uma Sony A7 equipada com uma lente do século XIX! O visor electrónico (EVF) mostra a imagem que se vai obter, profundidade de campo e tudo, o automatismo é à escolha do freguês, dentro das limitações físicas da combinação abertura/obturador/ISO.
Portanto, estou muito entusiasmado, voltei a pegar no material vintage que tanto aprecio, estou a voltar a pegar no tratamento de imagem digital que tanto tenho para melhorar, sinto-me com vontade de tornar a aprender e fazer fotografia. Vêm aí tempos interessantes!

quinta-feira, 16 de novembro de 2017

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

Depois do fogo...

...A vida continua.


quarta-feira, 20 de abril de 2016

Monte de Arcos


Hoje aproveitei a manhã linda que se apresentou para ir tratar de uns assuntos a pé e passear o cão. Não sei explicar como me esqueci, da mesma maneira que esqueci anteontem, apesar de todos os dias termos falado disso, de hoje fazer três anos. Claro que queria ir, passem por aqui e levem-me, por favor. Conversa de circunstância, conversa para distrair enquanto trasladavam a Avó para junto do Avô, do Papá e da tia-avó Belinda, falecida muito nova mas ainda famosa pelo génio terrível que ainda corre na família, nota-se que ninguém foi adoptado. Não quis pensar mas pensei que estavam juntos e na saudade que tenho, no nó na garganta que sinto e na lágrima a querer nascer no canto do olho. Até um dia destes.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Museu dos Cordofones, Tebosa, Braga

A vida tem destas coisas. Comprei uma viola clássica motivado pelo desejo de finalmente aprender a tocar e pela curiosidade do anúncio afirmar ser de fabrico japonês (e ser barata). O negócio efectuou-se durante um temporal, sob o abrigo limitado da porta da bagageira do carro da vendedora. Apenas tive condições para verificar que o braço estava impecável e que faltava uma corda, pelo que regateei mais qualquer coisa e levei a guitarra debaixo do casaco.
Em casa, verifiquei que a guitarra não estava em condições. A pestana estava partida (por isso não tinha o mi) e uma travessa mostrava-se partida no interior do corpo. Não era grande augúrio.
Um amigo sugeriu que a levasse ao dono do Museu dos Cordofones, em Tebosa, Braga. Dado nenhum de nós alguma vez lá ter ido e a meteorologia agradável, impunha-se uma pequena road trip na Dyane da minha querida mãe.
O Museu dos Cordofones fica situado no rés-do-chão de uma moradia face à Estrada Nacional n.º 14, no limite da freguesia de Tebosa com a freguesia de Priscos. Para aceder ao museu, tivemos que chamar o Sr. Domingos Machado que, com o filho, trabalha na sua oficina de fabrico e reparação de cordofones, um sítio muito do meu agrado. Instrumentos de variadas formas e feitios esperam restauro pendurados ou encostados nas paredes, suas idades mantidas misteriosas por uma inescrutável camada de pó de serrim, que empresa um tom marrom a todo o espaço, tornando difícil a percepção de objectos individuais. Talvez as ferramentas eléctricas estivessem invisíveis sob este manto, a verdade é que não vi utilização para a electricidade para além da iluminação artificial que seria necessária após o desaparecer do Sol que entrava pela porta aberta e janela da oficina, viradas a Poente.
Adorei a visita ao Museu, um dos mais ricos de Portugal e da Europa, pelo que nos contaram, bem como as histórias do Sr. Domingos Machado, que envolveram instrumentos de corda e membros dos Beatles. Não vou desenvolver esta questão, julgo que faz parte da mística da imperativa visita ao Museu dos Cordofones e não vos quero estragar a experiência. Também não vou publicar fotografias, podem espreitar o museu aqui, aqui, aqui, saber ainda mais alguma coisa na página da Wikipédia, ler uma boa reportagem sobre o museu aqui, e sabe-se lá que mais andará perdido no etéreo da Internet. Nada disto substitui o prazer de uma visita em pessoa.
Após a visita, apresentei ao Sr. Domingos Machado o outro motivo da minha visita, a minha viola japonesa, da marca Holiday, sobre a qual eu desconhecia tudo e que me levantava dúvidas sobre se valia a pena reparar. O Sr. Domingos assegurou-me que sim, que era uma reparação simples e muito inferior ao valor do instrumento, que prometia ser muito adequado à aprendizagem do seu trato. Portanto, lá a deixei ao seu cuidado, até hoje a ir buscar, já na posse da informação de ser uma viola produzida com a marca Holiday, para o retalhista americano Aldens, pelo fabricante japonês Kawai Teisco. Ficam as fotos...






O autor posa com o mestre artesão, Sr. Domingos Machado


sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Passeata nocturna #1










David Uzochukwu

DAVID UZOCHUKWU (n. 1998, Áustria) é um fotógrafo baseado em Bruxelas. Adoro as suas imagens quentes, cativantes e contadoras de estórias. Vejam o seu site.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Nadia Lee Cohen

Nadia Lee Cohen é uma jovem fotógrafa e cineasta baseada em Londres, Inglaterra.
As suas fotografias estão carregadas de referências da fotografia e do cinema que nos são tão familiares. 
Desafio-os a desfiar as imagens uma a uma: são deliciosas!


His Masters Voice

   Às 5 horas e 1 minuto da madrugada do dia 1 de Agosto de 1981, Luís acordou sobressaltado. Sentia uma angústia tremenda, o seu coração pesava-lhe no peito. Acendeu a luz da mesinha de cabeceira, que imediatamente revelou o velho e reconfortante rádio Telefunken sobre a cómoda. O seu corpo de baquelite castanho escuro emoldurava altifalante, manípulos claros e indicador da frequência num estilo ainda reminiscente da Art Deco. O velho rádio observava, parecia que suplicava. 
   Apesar de não saber que do outro lado do Atlântico a MTV estreava-se com a música "Video Killed The Radio Star", dos Buggles, Luís sentiu uma necessidade urgente de salvar rádios.   









domingo, 12 de abril de 2015

Semana Santa de Braga, 2015

Os anos passam, as pessoas mudam, algumas passam também, algumas coisas são como eram e hão de ser, com as devidas poucas e subtis mudanças, como a Semana Santa de Braga.
Lembro de fotografia com filme e flashes, convívio no Café A Brasileira e ingestão de múltiplas Super Bock. Lembro de procissões, tradições e outras coisas acabadas em ões. Eram tempos porreiros.
Agora a coisa é mais ou menos a mesma. Já não se usa filme, nem flashes, o convívio já não é n'A Brasileira (haverá?), agora temos o digital e um fenómeno ainda mais recente...

A fotografia da burrinha

A manifestação da burrinha

O drone I

O drone II

O drone III

segunda-feira, 16 de março de 2015

Martin Zimelka

Partilho a página do fotógrafo Sul-Africano Martin Zimelka.
Além de belas fotografias provenientes de suporte digital e analógico, tem interessantes análises a equipamento, filmes e químicos de revelação, bem como um tutorial sobre a revelação de negativos em casa.

quarta-feira, 11 de março de 2015

Ciganos do Alentejo em exposição fotográfica, Nova Iorque


Divulgo notícia de exposição fotográfica do francês Pierre Gonnord (www.pierregonnord.com), intitulada Gaia, patente na galeria nova-iorquina Hasted Kraeutler até 25 de Abril de 2015.

A exposição retrata os (talvez?) últimos ciganos nómadas da Raia Alentejana, em fotografia grande formato que evoca os retratos pictóricos dos artistas flamengos do Séc. XVII.