domingo, 20 de setembro de 2009

...1, 2, esquerda direita...

Aqui atrasado (sei que os nossos compatriotas alfacinhas deliram com esta expressão, por não lhe encontrarem sentido e ser tão nortenha) estava à conversa com o meu velhote, antigo crítico feroz do Dr. A. O. Salazar mas seu admirador mais recentemente, para meu desespero. E ele saiu-se com uma que levei para cogitar em casa. Depois de avaliada e aprovada, passo a partilhar:

A Esquerda Portuguesa (não confundir com socialismo) pretende a pobreza em Portugal, para manutenção da sua base eleitoral.

Na perspectiva desses senhores, que de socialistas têm pouco, um pobre, quando deixa de ser pobre, passa a ser cioso da sua propriedade, e logo, passa a ser de direita. Portanto, deve-se desencorajar os pobres a deixarem de o ser, e talvez até convencer os menos pobres a o serem mais.

Daí a justificação para a existência dos rendimentos mínimos, complementos solidários, subsídios avulsos, salários mínimos mesmo mínimos e médios bem baixinhos, ausência de contribuições e de taxas moderadoras e outras, abonos, os 13º e 14º mês (autênticos incentivos ao consumo - um mês para as prendas de Natal, outro para as férias de Verão), os descontos ferozes ao salário dos trabalhadores mas escondidos da sua percepção (falo dos 26,5% do salário base que é o patronato a contribuir, mas que no fundo é o trabalhador que contribui e nem sabe), e outras artimanhas e habilidades que se destinam unicamente a habituar a população a uma vida de pobreza de espírito e da carteira, com a mão estendida ao estado ditatorial democraticamente legitimado pelos seus votos dependentes.


sábado, 19 de setembro de 2009

Sebastião Salgado

Aqueles que, como eu, apreciam fotografia socio-documental, podem ler aqui uma recente entrevista do grande fotógrafo Sebastião Salgado.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Um, dois, esquerda direita!

Acabei de assistir ao comb... humm, debate entre o Eng. José Socrates (pelo Partido Socialista) e o Dr. Paulo Portas (pelo CDS/Partido Popular). Bom! Isto vale a pena: "Olhe que não, Sr. Dr!" "Olhe que sim, Sr. Eng!"


Fabuloso!


Agora mais a sério. Gostei deste debate não pelo combate intelectual entre dois políticos, sempre admirável quando practicado por contendentes pesos pesados (quem assistiu a debates entre Mário Soares e Álvaro Cunhal sabe do que falo), que não é bem o caso, mas sim pelo debate ideológico entre a Esquerda e a Direita, coisa rara neste país desde o 26 de Abril de 1974. Há que dizê-lo: Neste país quase não temos direita, que se resume politicamente ao CDS/PP.


Os Srs. Drs. do PSD tenham paciência, mas não vem que não tem! As únicas atitudes de direita do PSD desde 1987 para cá foram as subtis infiltrações legislativas que permitiram a privatização daquilo que era público, o que me pareceu bem relativamente ás empresas nacionalizadas (roubadas) no tempo do PREC , menos bem terem privatizado (round dois à carteira dos proprietários legítimos) as que davam lucro e termos ficados com os charutos voadores da TAP e péssimo quando nos apercebemos que é ao abrigo dessas leis que hoje privatizam não só os serviços públicos mas os próprios bens públicos, como é exemplo gritante a possibilidade real de privatizarem a própria água que bebemos. Isso não é direita, é traição lesa-pátria, é um atentado aos mais elementares direitos do ser humano. Adiante.


O que difere a Direita da Esquerda? Ora, cá está uma pergunta que não se ouve todos os dias! Desafio o leitor a pesquisar na internet. Vai descobrir que os conceitos são volúveis e têm-se desenvolvido ao longo dos tempos, desde os Estados Gerais franceses, em 1789. Mas esta questão, quando aprofundada, apenas serve para evidenciar a quase ausência de Direita em Portugal.


Confesso um carinho especial pela Direita, tal como a entendo: o enaltecimento do indivíduo, dos seus direitos e dos seus deveres e de tudo o que daí advém.


Confesso também uma admiração catita pela Esquerda: a ideia de que isto é um por todos e todos por um (desculpa, Alexandre).


Mas se o que nós temos é mais que isto é alguns por todos, não quer dizer que também não temos Esquerda em Portugal?


E, se não temos Esquerda nem Direita, temos o quê?



Foto: tasjaber, via TVI