domingo, 24 de janeiro de 2010

Jonas Yip

Hoje proponho mais um link, desta vez para as galerias do fotógrafo Jonas Yip. Penso que gostarão do seu trabalho sereno e elegante. Gostaria de destacar a galeria Paris:Dialogue, que nos remete para uma atmosfera de sonho intemporal, com recurso a uma lente de ampliação com custo inferior a €1,00. Mais uma prova que é o fotógrafo que faz fotografia, não o equipamento.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Roterdão, 2002

Em Maio de 2002 estive de férias em Antuérpia, Bélgica, de visita a um amigo fotógrafo, de seu nome Philippe Van Os. Durante a minha estadia houve um dia em que o meu amigo tinha um compromisso e decidi ser do contra e aproveitar a minha solidão para visitar Roterdão, morada do maior porto do mundo, por oposição ao lugar comum que seria uma visita a Amsterdão (sem demérito ao maior destino turístico da droga na Europa). Aprendi muito nessa visita de um dia:
Aprendi que os holandeses nunca serão pobres enquanto controlarem o seu porto;
Aprendi que as bicicletas lá não são a coisa pipi daqui, mas um meio de transporte fabuloso e barato, que não é destinado ao lixo passado dez anos da compra;
Aprendi que devemos ter cuidado quando o "passeio" é vermelho;
Aprendi que a câmara municipal de Roterdão beneficiaria as esquinas da cidade com umas caixas de barulho com gravações de qualquer mercado municipal português ou feira, para animar a malta solitária com sons além do rolar dos pneus no asfalto e do ruído de fundo do porto na zona ribeirinha...


Convido-vos a visitarem o meu álbum dedicado a Roterdão na minha página do flickr.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Prémio Nobel da Paz

Num artigo passado fiz menção do valor do Prémio Nobel e do tipo de pessoas a quem é atribuído. Nem de propósito, hoje tropeço num artigo escrito por Noam Chomsky, que contém uma resenha histórica dos quatro presidentes norte-americanos galardoados com este prémio e da sua relação com a América Latina. Aqui fica o excerto, retirado do blog Democracia e Política (http://democraciapolitica.blogspot.com/2010/01/os-eua-e-pacificacao-presidencial-na.html):

" Barack Obama é o quarto presidente estadunidense a ganhar o Prêmio Nobel da Paz, unindo-se a outros dentro de uma longa tradição de pacificação que desde sempre serviu aos interesses dos EUA. Os quatro presidentes deixaram sua marca em nossa “pequena região” ("nosso quintal"), que "nunca incomodou ninguém", como caracterizou o secretário de Guerra, Henry L. Stimson, em 1945. Dada a postura do governo de Obama diante das eleições em Honduras, em novembro último, vale a pena examinar esse histórico.

Theodore Roosevelt

Em seu segundo mandato como presidente, Theodore Roosevelt disse que a expansão de povos de sangue branco ou europeu durante os quatro últimos séculos viu-se ameaçada por benefícios permanentes aos povos que já existiam nas terras onde ocorreu essa expansão (apesar do que possam pensar os africanos nativos, americanos, filipinos e outros supostos beneficiados).

Portanto, era inevitável e, em grande medida, desejável para a humanidade em geral que o povo estadunidense terminasse por ser maioria sobre os mexicanos ao conquistar a metade do México, além do que estava fora de qualquer debate esperar que os (texanos) se submetessem à supremacia de uma raça inferior. Utilizar a diplomacia dos navios de artilharia para roubar o Panamá da Colômbia e construir um canal também foi um presente para a humanidade.

Woodrow Wilson

Woodrow Wilson é o mais honrado dos presidentes premiados com o Nobel e, possivelmente, o pior para a América Latina. Sua invasão do Haiti, em 1915, matou milhares de pessoas, praticamente reinstaurou a escravidão e deixou grande parte do país em ruínas.

Para demonstrar seu amor à democracia, Wilson ordenou a seus mariners que desintegrassem o Parlamento haitiano a ponta de pistola em represália pela não aprovação de uma legislação progressista que permitiria às corporações estadunidenses comprar o país caribenho. O problema foi resolvido quando os haitianos adotaram uma Constituição ditada pelos Estados Unidos e redigida sob as armas dos mariners. Tratava-se de um esforço que resultaria benéfico para o Haiti, assegurou o Departamento de Estado a seus cativos.

Wilson também invadiu a República Dominicana para garantir seu bem-estar. Esta nação e o Haiti ficaram sob o mando de violentos guardas civis. Décadas de tortura, violência e miséria em ambos países foram o legado do idealismo wilsoniano, que se converteu em um princípio da política externa dos EUA.

Jimmy Carter

Para o presidente Jimmy Carter, os direitos humanos eram a alma de nossa política externa. Robert Pastor, assessor de segurança nacional para temas da América Latina, explicou que havia importantes distinções entre direitos e política: lamentavelmente a administração teve que respaldar o regime do ditador nicaragüense Anastásio Somoza, e quando isso se tornou impossível, manteve-se no país uma Guarda Nacional treinada nos EUA, mesmo depois de terem ocorrido massacres contra a população com uma brutalidade que as nações reservam para seus inimigos, segundo assinalou o mesmo funcionário, e onde morreram cerca de 40 mil pessoas.

Para Pastor, a razão era elementar: os EUA não queriam controlar a Nicarágua nem nenhum outro país da região, mas tampouco queria que os acontecimentos saíssem do seu controle. Queria que os nicaragüenses atuassem de forma independente, exceto quando essa independência afetasse os interesses dos Estados Unidos.

Barack Obama

O presidente Barack Obama distanciou os EUA de quase toda América Latina e Europa ao aceitar o golpe militar que derrubou a democracia hondurenha em junho passado. A quartelada refletiu abismais e crescentes divisões políticas e socioeconômicas, segundo o New York Times. Para a reduzida classe social alta, o presidente hondurenho Manuel Zelaya converteu-se em uma ameaça para o que esta classe chama de democracia, que, na verdade, é o governo das forças empresariais e políticas mais fortes do país.

Zelaya adotou medidas tão perigosas como o incremento do salário mínimo em um país onde 60% da população vive na pobreza. Tinha que ir embora. Praticamente sozinho, os EUA reconheceram as eleições de novembro (nas quais saiu vitorioso Pepe Lobo), realizadas sob um governo militar e que foram uma “grande celebração da democracia”, segundo o embaixador de Obama em Honduras, Hugo Llorens. O apoio ao processo eleitoral garantiu para os EUA o uso da base aérea de Palmerola, em território hondurenho, cujo valor para o exército estadunidense aumenta na medida em que está sendo expulso da maior parte da América Latina.

Depois das eleições, Lewis Anselem, representante de Obama na Organização de Estados Americanos (OEA), aconselhou aos atrasados latinoamericanos que aceitassem o golpe militar e seguissem os EUA no mundo real e não no mundo do realismo mágico."

Estamos esclarecidos.

Leitura obrigatória


Acabei de ler "A Doutrina do Choque - A Ascensão do Capitalismo de Desastre", da jornalista canadiana Naomi Klein. Só lamento que esta 1.ª edição, datada de Junho de 2009 e do cunho da editora Smartbook, não tenha chegado mais cedo à nossa praça, uma vez que o original data de 2007. É um livro não só de leitura obrigatória, mas também urgente.
Ao longo das 513 páginas do livro (na verdade tem 591, mas confesso não ter lido as "Notas" e "Agradecimentos"), a autora relaciona o neoliberalismo de Milton Friedman e os seus acólitos, a tortura, o FMI, o Banco Mundial e as grandes multinacionais com a História dos últimos 40-50 anos, desde os bastidores para os golpes de estado e subsequentes reinos de terror das ditaduras do Cone Sul até aos desastres naturais como o tsunami no Pacifíco e o furacão Katrina, passando pela Guerra Contra o Terror que todos os dias nos metem pelos olhos e pelos ouvidos. É uma leitura verdadeiramente obrigatória para perceber a História global dos últimos anos, e também muito do que se passa no nosso país (apesar de o livro não tratar directamente disto, o exercício de "ligar os pontos" torna-se evidente).


É o segundo livro desta autora que leio, tendo o primeiro sido o "No Logo", que trata das grandes marcas e da sua relação com a economia mundial, o capitalismo selvagem e as condições de trabalho por esse mundo fora.

O conjunto dos dois livros constitui a leitura mais influente na minha formação sócio-económica e política.

Em comum entre os dois livros, o assalto mundial ás carteiras dos contribuintes e aos direitos humanos.

Imprescindível.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Vivitar Series 1 35-85mm f2.8 Varifocal


De acordo com a Wikipedia, a Vivitar nasceu em 1938 nos E.U.A. como Ponder and Best, de acordo com os apelidos dos seus fundadores. Inicialmente importadores de equipamento fotográfico, estes senhores foram responsáveis pela introdução de muitas marcas alemãs e japonesas no mercado americano, popularizando-as. Nos anos 60 criaram a marca "Vivitar", começando a comercializar produtos de outros fabricantes com este nome, rapidamente ganhando popularidade por serem de boa relação qualidade/preço. No início dos anos 70, foram dos primeiros a conceber ópticas com recurso a computadores, sempre sub-contratando a sua fabricação. Assim nasceram as lentes Series 1, com design óptico de vanguarda norte-americano e fabrico japonês. O número de série das lentes denuncia o fabricante, que tanto podia ser a Kiron (22...), como a Cosina (9...).

Quando era miúdo e esquadrinhava a colecção de revistas Photo francesas de meu Pai, tropecei num anúncio de página inteira da Vivitar Series 1 Varifocal 35-85mm f2.8, e fiquei impressionado pelo seu aspecto imponente, com a sua rosca para filtro diâmetro 72mm. Tanto não esqueci que mais recentemente decidi comprar uma com baioneta Nikon F, e por sorte consegui localizar uma em Espanha a bom preço.



Não são lentes vulgares, tendo sido bastante caras na altura delas. Quando surgiram representavam a vanguarda óptica, e foram o primeiro exemplo de lentes zoom com abertura constante a f2.8, hoje em dia vulgarmente vistas nas mãos de fotojornalistas e amadores abastados. Esta lente, no entanto, não é um verdadeiro zoom, dado não manter o foco quando se varia a distância focal. Esta característica foi sacrificada pelos seus desenhadores de modo a simplificar a lente e obter a melhor qualidade de imagem possível.

É uma lente imponente e maciça. É pesada, principalmente no seu elemento frontal, o que leva a desequilibrar o conjunto câmara/lente para a frente. no caso da minha Nikon FE2, o uso de um motor MD-12 ajuda a agarrar melhor o conjunto, mas o peso é ainda mais agravado. Uma vez tive a triste ideia de usar esta lente de noite, com a FE-2, o MD-12 e ainda um flash Metz 40. O conjunto pesava cerca de 8 toneladas, mas como foi uma sessão de apenas uma par de horas lá aguentei a barra. O ajuste do foco quando se varia a distância focal aparece instintivamente, depois de algum uso.



A qualidade de imagem é, parece-me, excelente mesmo a plena abertura. Tem muito pouca distorção e vinhetagem.
A qualidade de construção está a par do que melhor se fez no Japão nos anos 70/80.

Se como eu, tiverem a sorte de encontrar um exemplar desta lente a bom preço, aproveitem. No entanto, fica o aviso de que o peso pode ser um factor dissuasor na altura de escolher a lente que vai levar numa passeata, havendo muitos zooms de boa qualidade com aberturas máximas ligeiramente mais modestas com resultados igualmente bons mas que poupam a cervical.

Boas fotos.