sábado, 12 de fevereiro de 2011

Revolução Árabe

Tunísia, Egipto, Argélia...
Um por um, os povos árabes estão a erguer-se contra os regimes que os oprimem há décadas.
Já soam as campaínhas de alarme contra o alastrar do fundamentalismo islâmico, que encontrará na democracia um corredor para o poder.
Não creio que uma coisa tenha a ver com outra, basta ver a Revolução Islâmica no Irão, em 1979. O regime do Xá era rico e impiedoso para com os contestatários, e não impediu os revolucionários de tomarem o poder. Note-se que, nesse caso, quem se ergueu contra o regime foram fundamentalistas islâmicos, enquanto na Tunísia, Egipto e Argélia são jovens seculares, com formação e sem futuro. Os movimentos islâmicos também lá estão, como nãopodiam deixar de estar, mas foram "obrigados" a deixar de lado a questão religiosa para não serem postos de lado pelos restantes.
Não devemos confundir a liberdade, a democracia, a religião, os fundamentalistas e o povo árabe. Se nós, em Portugal, fizemos a revolução do 25 de Abril de 1974 pela liberdade e pela democracia, apenas podemos baixar os olhos com vergonha por deixarmos as coisas chegarem ao ponto que chegaram na nossa casa, depois de admirarmos a luta pela liberdade e pela democracia de toda uma cultura no Norte de África. Caberá a estes povos lutadores e dignos lidar com a responsabilidade das suas liberdades, refrear o avanço do fundamentalismo e reencontrar o seu merecido lugar no caminho do desenvolvimento económico, social e humano.
Pela nossa parte, acho reprovável que andemos de mão estendida a regimes opressores da dignidade humana, a pedinchar negócio e vender a nossa soberania, enquanto calámos os valores expressos na Carta Universal dos Direitos do Homem.

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