quarta-feira, 20 de abril de 2016

Monte de Arcos


Hoje aproveitei a manhã linda que se apresentou para ir tratar de uns assuntos a pé e passear o cão. Não sei explicar como me esqueci, da mesma maneira que esqueci anteontem, apesar de todos os dias termos falado disso, de hoje fazer três anos. Claro que queria ir, passem por aqui e levem-me, por favor. Conversa de circunstância, conversa para distrair enquanto trasladavam a Avó para junto do Avô, do Papá e da tia-avó Belinda, falecida muito nova mas ainda famosa pelo génio terrível que ainda corre na família, nota-se que ninguém foi adoptado. Não quis pensar mas pensei que estavam juntos e na saudade que tenho, no nó na garganta que sinto e na lágrima a querer nascer no canto do olho. Até um dia destes.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Museu dos Cordofones, Tebosa, Braga

A vida tem destas coisas. Comprei uma viola clássica motivado pelo desejo de finalmente aprender a tocar e pela curiosidade do anúncio afirmar ser de fabrico japonês (e ser barata). O negócio efectuou-se durante um temporal, sob o abrigo limitado da porta da bagageira do carro da vendedora. Apenas tive condições para verificar que o braço estava impecável e que faltava uma corda, pelo que regateei mais qualquer coisa e levei a guitarra debaixo do casaco.
Em casa, verifiquei que a guitarra não estava em condições. A pestana estava partida (por isso não tinha o mi) e uma travessa mostrava-se partida no interior do corpo. Não era grande augúrio.
Um amigo sugeriu que a levasse ao dono do Museu dos Cordofones, em Tebosa, Braga. Dado nenhum de nós alguma vez lá ter ido e a meteorologia agradável, impunha-se uma pequena road trip na Dyane da minha querida mãe.
O Museu dos Cordofones fica situado no rés-do-chão de uma moradia face à Estrada Nacional n.º 14, no limite da freguesia de Tebosa com a freguesia de Priscos. Para aceder ao museu, tivemos que chamar o Sr. Domingos Machado que, com o filho, trabalha na sua oficina de fabrico e reparação de cordofones, um sítio muito do meu agrado. Instrumentos de variadas formas e feitios esperam restauro pendurados ou encostados nas paredes, suas idades mantidas misteriosas por uma inescrutável camada de pó de serrim, que empresa um tom marrom a todo o espaço, tornando difícil a percepção de objectos individuais. Talvez as ferramentas eléctricas estivessem invisíveis sob este manto, a verdade é que não vi utilização para a electricidade para além da iluminação artificial que seria necessária após o desaparecer do Sol que entrava pela porta aberta e janela da oficina, viradas a Poente.
Adorei a visita ao Museu, um dos mais ricos de Portugal e da Europa, pelo que nos contaram, bem como as histórias do Sr. Domingos Machado, que envolveram instrumentos de corda e membros dos Beatles. Não vou desenvolver esta questão, julgo que faz parte da mística da imperativa visita ao Museu dos Cordofones e não vos quero estragar a experiência. Também não vou publicar fotografias, podem espreitar o museu aqui, aqui, aqui, saber ainda mais alguma coisa na página da Wikipédia, ler uma boa reportagem sobre o museu aqui, e sabe-se lá que mais andará perdido no etéreo da Internet. Nada disto substitui o prazer de uma visita em pessoa.
Após a visita, apresentei ao Sr. Domingos Machado o outro motivo da minha visita, a minha viola japonesa, da marca Holiday, sobre a qual eu desconhecia tudo e que me levantava dúvidas sobre se valia a pena reparar. O Sr. Domingos assegurou-me que sim, que era uma reparação simples e muito inferior ao valor do instrumento, que prometia ser muito adequado à aprendizagem do seu trato. Portanto, lá a deixei ao seu cuidado, até hoje a ir buscar, já na posse da informação de ser uma viola produzida com a marca Holiday, para o retalhista americano Aldens, pelo fabricante japonês Kawai Teisco. Ficam as fotos...






O autor posa com o mestre artesão, Sr. Domingos Machado