sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Eu é que shou o Preshidente da Shunta!

... Ou a democracia no poder local, poder-se-ia chamar este post!
O passado dia 11 de Outubro fomos a votos eleger os nossos governantes locais, como ainda se devem recordar. Quer dizer, fomos os que fomos, porque muitos estão longe dos círculos onde estão recenseados, há quem esteja acamado e não queira incomodar o CNE e o Presidente da Câmara para recolher o seu voto (é verdade, vão ver) outros não sabem nem querem saber e ainda há os que têm raiva de quem sabe.
Mas há freguesias imbuídas de um espírito democrático tal que, por exemplo, dos 179 eleitores inscritos foram a votos 145, sendo que os restantes estavam imigrados ou em parte incerta. Uma taxa de abstenção de 19% que, ponho a minha cabecinha num cepo, julgo representar a taxa de abstenção zero, ou seja, mesmo que toda a gente que pode votar o vá fazer, ainda vão existir cerca de 20% que, por um motivo ou por outro, não o faz (onde se lê "um motivo ou por outro" leia-se "ter aversão a votar"). Coisas do género "está emigrado", "agora mora noutra cidade mas ainda está recenseada aqui", "está preso", etc.
Mas, infelizmente, estou a enganar o leitor. Não existe neste país tal terra transbordante de espírito democrático. A situação que descrevi retrata um sítio como muitos outros, repleta de espírito caciquista. Vejam lá se esta situação vos é familiar:
O presidente da junta em funções, novamente candidato, alegadamente terá usado a junta em proveito próprio, fazendo obras para seu benefício usando dinheiros públicos, empregando pessoas sem vínculo laboral e sem benefícios sociais com dinheiros públicos, financiando "convívios" populares com dinheiros públicos, etc. O seu programa eleitoral foi algo do tipo "só prometo que não prometo nada" e a campanha foi a disseminação de uma série de boatos sobre o candidato rival. Tinha as costas quentes por parte da câmara municipal, da mesma côr política.
O candidato desafiador, pessoa revolucionária de corpo e espírito, apresentou um programa eleitoral de fazer inveja aos partidos do bloco central (achei um pouco excessivo pela quantidade, mas não pela qualidade das ideias, deduzi que fosse um programa de fundo). Fez comício em cima do reboque de um tractor na praça da aldeia (sem assistência, se não contarmos o pessoal que estava na esplanada próxima). Denunciou os actos do rival, que nem respondeu a um convite escrito para um debate público.
Quem foi votar foi practicamente levado ao colo pelos candidatos desde casa até à junta de freguesia. Votou de acordo com a família e importância económica do candidato (coisas como "votas em mim ou despeço-te" funcionam muito melhor do que "vota em mim para bem da freguesia").
O resultado foi esmagador. O candidato revolucionário perdeu por 50 votos, pelo que se deduziu que só a família votou nele. Prometeu uma oposição feroz na mesa da assembleia da junta. Festejou a mudança do poder na câmara municipal para o seu partido. O candidato vencedor deixou de festejar quando soube deste facto.
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