quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
Cá vamos nós outra vez!
Quando era miúdo, pensava que em 2010 as coisas seriam diferentes. Lembram-se? Dentro do nosso imaginário de há 30 anos, o Séc. XXI seria uma coisa fenomenal.
Infelizmente, muito graças ás sementes plantadas nessa mesma altura, o melhor que podemos esperar para este ano é que não seja pior que o anterior.
Está na altura de ir mais além e mais do que desejar a todos um Ano Novo fenomenal, estupendo, bestial, fabulástico, está na altura de começar a fazer por isso!
Um grande Abraço a todos e bem hajam.
2010 é que vai ser!
Arquitectura de vão de escada?
Aproveitei para concretizar uma há muito adiada visita a um dos ícones da arquitectura portuguesa, a Igreja de Santa Maria, do arquitecto Siza Vieira.
Devo começar por esclarecer que não sou admirador do arquitecto em questão (nem de muitos outros), mas isso vale o que vale porque eu não faço projectos de arquitectura, nem fui ainda reconhecido internacionalmente (se bem que, desde que deram o Prémio Nobel da Paz a um tipo porque dizia que tinha boas intenções, depois de já o terem dado a alguns dos maiores criminosos e assassinos em massa mundiais, o reconhecimento internacional também vale o que vale. É tipo a crise hipotecária).
A igreja, localizada num promontório da cidade, foi concluída em 1996. Quer dizer, o edifício tem 13 anos. Precisa de obras. Tem fissuras de retracção do reboco em toda a fachada, por excesso de teor de cimento dos materiais empregues e ausência de juntas em tão grandes panos de fachada. Tem as "fissuras da vergonha" em todas as janelas, resultantes de falta de reforço das arestas. O reboco está partido em vários sítios, sendo evidente junto aos rufos ridiculamente minimalistas que a custo se agarram ao topo das paredes. A ausência total de pingadeiras produziu um sortido de babados interessantes. A disposição de zonas cheias de recantos e sem qualquer cuidado em áreas sombrias onde o Sol não chega é do agrado do musgo e dos vândalos. A porta principal, de 10 metros de altura, apresenta corrosão (da feia, não é da lindinha sobre aço corten tão do agrado dos arquitectos da praça) por fora e apodrecimento do forro de madeira por dentro, enquanto aguarda substituição pelas famosas portas de bronze que hão de vir (acho que o D. Sebastião ficou de as trazer). Se fosse um arquitecto qualquer, este tipo de coisas dava-lhe chatices.
O Datsun, com quase 40 anos desprovidos de cuidados especiais, estava com melhor saúde. Tal como estavam uma moradia com cerca de 100 anos, em frente à igreja e uma capela com cerca de 400 nas suas traseiras, excelentes e duradouros exemplares de arquitectura portuguesa de antanho.
Enquanto lá estava, apareceu uma solitária turista oriental (chinesa, talvez?), em peregrinação arquitectónica. Quero dizer que aquela pessoa foi lá de propósito para ver uma das masterpieces do arquitecto Siza. Não ligou puto aos arredores da igreja, salvando-se de admirar os mais refinados exemplos de arquitectura de vão de escada dos anos de 80, apenas 10 anos mais avançadas em degradação que a Igreja de Santa Maria, bem como aqueles poucos exemplos de construções refinadas e duráveis. Dá que pensar.
Só posso chegar à conclusão que arquitectos tipo Siza são como marcas. Tipo a Nike, a Adiddas, a Mango, a Dolce&Gabana. Não digo como a Louis Vuitton, porque acho que está um nó acima. O marketing desenvolvido à volta das marcas, uma área de negócio mais importante do que os rendimentos dos seus trabalhadores, leva estas marcas ás cabeças das pessoas como se fossem condições sine qua non para o sucesso pessoal, exemplos a seguir cegamente. Acho que arquitectos como Siza, Gehry, Foster, Niemeyer e outros, independentemente das características particulares das suas obras são exaltados por todo um lobby de pretenciosos e/ou profissionais que vendem, ou melhor, impingem estas ideias a uma multidão de jovens arquitectos. Claro que o ambiente de escravidão intelectual que se vive nas faculdades de arquitectura, de acordo com a orientação política dos seus professores/comissários, também não dá grande hipótese de escolha. Os dissidentes têm problemas em todo lado, incluindo nas escolas de arquitectura.
E, graças a isto tudo e mais que já não me apetece escrever, somos obrigados a aturar obras emblemáticas das patologias construtivas assinadas por grandes "mestres".
Nem sequer falo da estética do edifício: gostos não se discutem, lamentam-se.
quinta-feira, 17 de dezembro de 2009
zoom zoom...
Vou dar o mote: Objectiva de focal variável.
Escabroso e óbviamente limitado pela minha ignorância da língua portuguesa mais erudita.
Fica o desafio.
segunda-feira, 7 de dezembro de 2009
Depois do Homem
Convido-vos a visitarem "Depois do Homem", um novo álbum de fotografias disponível na minha página do Flickr desde o dia de hoje.
Agradeço desde já a vossa visita e os vossos comentários.
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Colectivo Fotográfico - Café Fénix, Porto
domingo, 22 de novembro de 2009
E fotos, onde estão as fotos?!?!?
Já tenho algumas fotos decentes no seguimento de "Uma pérola", mas ainda nem sequer as vi dado a falência informática cá da casa.
Prometo um post com fotos para amanhã!
Lighten up and shoot
sábado, 7 de novembro de 2009
Jeff T. Alu
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Uma pérola!
Para quem gosta de fotografia, um dos grandes desafios é encontrar temas que o cativem. Uns fotógrafos são mais inspirados que outros, e outros de vez em quando têm a sorte de encontrar uma pérola à espera de ser apanhada. Espero conseguir apanhar esta pérola, porque é uma corrida contra o tempo e o impiedoso martelo demolidor. Para já, uma amostra com o meu télélé.
Um dia de chuva no Inferno
domingo, 1 de novembro de 2009
Dia do Exército, Braga
Celebraram-se as comemorações do Dia do Exército no passado dia 25 de Outubro na cidade de Braga. Desde o tempo da outra senhora que não se via tamanho aparato militar nestas bandas.
A escolha da cidade de Braga foi motivada pelo 300º aniversário do "seu" RC6, tendo havido lugar a exposição estática, demonstrações e outras actividades que tal durante a semana que antecedeu o dia 25.
A população de Braga e suas instituições, souberam acolher o Exército Português, tendo uma multidão de milhares assistido ao desfile efectuado no fundo da Avenida da Liberdade (foi o pedaço que sobrou para estas coisas, tendo em conta o túnel que ocupa metade da sua extensão, de modo a criar ambiente pedonal e acessos automóveis a mais uma grande superfície comercial, que está a ocupar o lugar do antigo edifício monumental dos Correios, enfim, divago...). Não escapou a ninguém na assistência a ausência do Exmo. Sr. Presidente da República, e do Exmo. Sr. Primeiro Ministro. Não sei do primeiro, mas o segundo preferiu ir correr nessa manhã. A opinião consensual: uma vergonha e uma afronta ao Exército e à cidade de Braga. Eu concordo.
De notar também o habitual "blackout" informativo relativo a um evento de âmbito nacional decorrido em Braga, cidade epicentro de um qualquer "triângulo das bermudas" informativo.
segunda-feira, 26 de outubro de 2009
O Amolador
É amolador desde os 15 anos, seguindo os passos do avô. Quem for cá do burgo não deixará de reconhecer o som da sua gaita, cujo som agudo sibila e ecoa por entre os prédios, anunciando a passagem do prestador de serviços que afia os instrumentos cortantes domésticos e repara guarda-chuvas pela módica quantia de €1.
Empurrando a sua motorizada, percorre silenciosamente as ruas, apenas anunciado pela inconfundível gaita. Lembro-me perfeitamente da sua antiga pasteleira e penso que, sendo para empurrar, talvez fosse melhor que a actual Casal. Mas a lógica do negócio é imperdoável: com a mota vai mais longe! Viana do Castelo, Esposende, Apúlia, Póvoa de Varzim, Vila do Conde, Famalicão, Póvoa de Lanhoso, todas recebem a visita do amolador gaiteiro. No entanto, o amolador queixa-se da falta de negócio, principalmente na reparação de chuços, dado o espírito perdulário vigente nesta época levar as pessoas a deitarem fora o que tem reparação (talvez pensem que seja demasiado caro) para comprar novo. Do alto dos seus mais de sessenta anos, o conselho sábio de poupar e guardar as coisas velhas, porque no poupar está o ganho e nunca se sabe o dia de amanhã.
O Amolador tem também uma actividade paralela, como podem verificar no seguinte vídeo:
sexta-feira, 16 de outubro de 2009
Eu é que shou o Preshidente da Shunta!
O passado dia 11 de Outubro fomos a votos eleger os nossos governantes locais, como ainda se devem recordar. Quer dizer, fomos os que fomos, porque muitos estão longe dos círculos onde estão recenseados, há quem esteja acamado e não queira incomodar o CNE e o Presidente da Câmara para recolher o seu voto (é verdade, vão ver) outros não sabem nem querem saber e ainda há os que têm raiva de quem sabe.
Mas há freguesias imbuídas de um espírito democrático tal que, por exemplo, dos 179 eleitores inscritos foram a votos 145, sendo que os restantes estavam imigrados ou em parte incerta. Uma taxa de abstenção de 19% que, ponho a minha cabecinha num cepo, julgo representar a taxa de abstenção zero, ou seja, mesmo que toda a gente que pode votar o vá fazer, ainda vão existir cerca de 20% que, por um motivo ou por outro, não o faz (onde se lê "um motivo ou por outro" leia-se "ter aversão a votar"). Coisas do género "está emigrado", "agora mora noutra cidade mas ainda está recenseada aqui", "está preso", etc.
Mas, infelizmente, estou a enganar o leitor. Não existe neste país tal terra transbordante de espírito democrático. A situação que descrevi retrata um sítio como muitos outros, repleta de espírito caciquista. Vejam lá se esta situação vos é familiar:
O presidente da junta em funções, novamente candidato, alegadamente terá usado a junta em proveito próprio, fazendo obras para seu benefício usando dinheiros públicos, empregando pessoas sem vínculo laboral e sem benefícios sociais com dinheiros públicos, financiando "convívios" populares com dinheiros públicos, etc. O seu programa eleitoral foi algo do tipo "só prometo que não prometo nada" e a campanha foi a disseminação de uma série de boatos sobre o candidato rival. Tinha as costas quentes por parte da câmara municipal, da mesma côr política.
O candidato desafiador, pessoa revolucionária de corpo e espírito, apresentou um programa eleitoral de fazer inveja aos partidos do bloco central (achei um pouco excessivo pela quantidade, mas não pela qualidade das ideias, deduzi que fosse um programa de fundo). Fez comício em cima do reboque de um tractor na praça da aldeia (sem assistência, se não contarmos o pessoal que estava na esplanada próxima). Denunciou os actos do rival, que nem respondeu a um convite escrito para um debate público.
Quem foi votar foi practicamente levado ao colo pelos candidatos desde casa até à junta de freguesia. Votou de acordo com a família e importância económica do candidato (coisas como "votas em mim ou despeço-te" funcionam muito melhor do que "vota em mim para bem da freguesia").
O resultado foi esmagador. O candidato revolucionário perdeu por 50 votos, pelo que se deduziu que só a família votou nele. Prometeu uma oposição feroz na mesa da assembleia da junta. Festejou a mudança do poder na câmara municipal para o seu partido. O candidato vencedor deixou de festejar quando soube deste facto.
Macro
terça-feira, 13 de outubro de 2009
A espera
sábado, 10 de outubro de 2009
Relíquia industrial
segunda-feira, 5 de outubro de 2009
Leica S2
A Leica S2. Pode ser sua por cerca de €25.000!
O comentário de um comprador satisfeito:
“I purchased this camera in lieu of paying rent on my apartment for 4 years, and believe me when I say it was worth it. I used the box that it came in as a hat and some other boxes for a home. It’s uncomfortable but the pictures I’ve taken of my new home are so sharp that you can see the fleas on the brick I use for a pillow. I can also take high detail pictures of my children (who I am no longer able to see due to court order resulting from gross negligence) from an acceptable distance. Highly recommended!“
domingo, 4 de outubro de 2009
A distorsão da memória pela fotografia
Realce também para o sítio www.ted.com. Dedica-se à divulgação de ideias válidas. Curioso(a)? Vá lá!
domingo, 20 de setembro de 2009
...1, 2, esquerda direita...
A Esquerda Portuguesa (não confundir com socialismo) pretende a pobreza em Portugal, para manutenção da sua base eleitoral.
Na perspectiva desses senhores, que de socialistas têm pouco, um pobre, quando deixa de ser pobre, passa a ser cioso da sua propriedade, e logo, passa a ser de direita. Portanto, deve-se desencorajar os pobres a deixarem de o ser, e talvez até convencer os menos pobres a o serem mais.
Daí a justificação para a existência dos rendimentos mínimos, complementos solidários, subsídios avulsos, salários mínimos mesmo mínimos e médios bem baixinhos, ausência de contribuições e de taxas moderadoras e outras, abonos, os 13º e 14º mês (autênticos incentivos ao consumo - um mês para as prendas de Natal, outro para as férias de Verão), os descontos ferozes ao salário dos trabalhadores mas escondidos da sua percepção (falo dos 26,5% do salário base que é o patronato a contribuir, mas que no fundo é o trabalhador que contribui e nem sabe), e outras artimanhas e habilidades que se destinam unicamente a habituar a população a uma vida de pobreza de espírito e da carteira, com a mão estendida ao estado ditatorial democraticamente legitimado pelos seus votos dependentes.
sábado, 19 de setembro de 2009
Sebastião Salgado
quarta-feira, 2 de setembro de 2009
Um, dois, esquerda direita!
Acabei de assistir ao comb... humm, debate entre o Eng. José Socrates (pelo Partido Socialista) e o Dr. Paulo Portas (pelo CDS/Partido Popular). Bom! Isto vale a pena: "Olhe que não, Sr. Dr!" "Olhe que sim, Sr. Eng!"
Fabuloso!
Agora mais a sério. Gostei deste debate não pelo combate intelectual entre dois políticos, sempre admirável quando practicado por contendentes pesos pesados (quem assistiu a debates entre Mário Soares e Álvaro Cunhal sabe do que falo), que não é bem o caso, mas sim pelo debate ideológico entre a Esquerda e a Direita, coisa rara neste país desde o 26 de Abril de 1974. Há que dizê-lo: Neste país quase não temos direita, que se resume politicamente ao CDS/PP.
Os Srs. Drs. do PSD tenham paciência, mas não vem que não tem! As únicas atitudes de direita do PSD desde 1987 para cá foram as subtis infiltrações legislativas que permitiram a privatização daquilo que era público, o que me pareceu bem relativamente ás empresas nacionalizadas (roubadas) no tempo do PREC , menos bem terem privatizado (round dois à carteira dos proprietários legítimos) as que davam lucro e termos ficados com os charutos voadores da TAP e péssimo quando nos apercebemos que é ao abrigo dessas leis que hoje privatizam não só os serviços públicos mas os próprios bens públicos, como é exemplo gritante a possibilidade real de privatizarem a própria água que bebemos. Isso não é direita, é traição lesa-pátria, é um atentado aos mais elementares direitos do ser humano. Adiante.
O que difere a Direita da Esquerda? Ora, cá está uma pergunta que não se ouve todos os dias! Desafio o leitor a pesquisar na internet. Vai descobrir que os conceitos são volúveis e têm-se desenvolvido ao longo dos tempos, desde os Estados Gerais franceses, em 1789. Mas esta questão, quando aprofundada, apenas serve para evidenciar a quase ausência de Direita em Portugal.
Confesso um carinho especial pela Direita, tal como a entendo: o enaltecimento do indivíduo, dos seus direitos e dos seus deveres e de tudo o que daí advém.
Confesso também uma admiração catita pela Esquerda: a ideia de que isto é um por todos e todos por um (desculpa, Alexandre).
Mas se o que nós temos é mais que isto é alguns por todos, não quer dizer que também não temos Esquerda em Portugal?
E, se não temos Esquerda nem Direita, temos o quê?
Foto: tasjaber, via TVI
segunda-feira, 24 de agosto de 2009
Natalidades em Portugal
O meu primeiro filho teve uma gestação santa. A mãe foi calma e feliz durante todo o tempo, porque se sentia bem e porque não tinha motivos para desconfiar de alguma partida por parte da Mãe Natureza. A médica que a acompanhou (com consultório privado e um part-time no hospital cá do burgo) era a calma em pessoa e muito adepta de deixar as coisas seguirem o seu curso com o mínimo de interferência da sua parte. "Não se preocupe, isso não é nada" foram as últimas palavras que a mãe do meu filho lhe ouviu (ao telefone) antes de tomarmos a decisão de abalar para o hospital, não fosse o Diabo ser tendeiro. O facto da mãe perder fluidos não lhe pareceu muito importante. Mas a médica que a recebeu no hospital deu a este pormenor a importância suficiente para a internar, porque estava em processo de parto apesar da falta de contracções e dilatação.
Ninguém se deu ao trabalho de explicar à minha mulher o que se estava a passar, nem as vicissitudes do Protocolo, esse manual para crimes banais que rege a vida dos profissionais da saúde em qualquer unidade hospitalar do nosso SNS.
O Protocolo, é preciso explicar, é o be-a-bá criado por pessoas desconhecidas dos utentes, para evitar o esbanjamento desnecessário do dinheiro dos contribuintes preocupados, porque não são (ainda) utentes.
Então o Protocolo diz algures qualquer coisa do género "não tem dilatação?! Tá mal, é preciso induzir, senão por onde sai o rebento?". E lá foi a induzir, a induzir a noite toda. Passadas umas 12 horitas de indução, e na falta de resultados, o Protocolo lá diz "Defina falta de resultados: x a y cm ainda dá para sacar o gajo a ventosas. Zero resultados? dass, lá terá que ir de cesariana, mas isso custa muito dinheiro, que chatice..." E lá foi de cesariana. Não é preciso tentar descrever o estado de ansiedade que qualquer um teria depois de 12 horas na "Sala de Dilatação" (sim, tem nome e é esse), sem saber o que se passa, rodeada de gente aos gritos de dor por causa das contracções, mas sem dores porque não as tinha por algum motivo, tasjaber? Mas o rebento lá veio, saudável e rechonchudo.
A médica que acompanhou a minha mulher ainda se cruzou com ela no hospital: "Então, por aqui? O importante é que tenha corrido tudo bem! (sai de fininho)". Tradução: "Ooops, que cagada, afinal meti o pé na poça. Mas está tudo bem, não há nada que processar!" (acho que, no mínimo, lhe era devido um soco na cremalheira, a ver se compensava o dois dentes que a minha mulher perdeu porque a douta da saúde não acredita em cálcio durante a gravidez, entre outras coisas).
Desta vez foi um pouco diferente. O médico que acompanhou a minha mulher no seu consultório também tinha um part-time no hospital. Mas teve a presença de espírito de mandá-la ser acompanhada pelo SNS quando foi de férias para parte incerta, uma semana antes da data prevista para o parto. A médica que a recebeu no hospital, depois de analisar o processo dela, sai-se com qualquer coisa do género "mas alguém está ainda à espera que você tenha um parto normal? Não vamos esperar por complicações, olhe temos uma vaga para cesariana amanhã, assine aqui e apareça cá amanhã de manhã ás 09:00". E, ás 13h06, a Maria João (nome provavelmente fictício, mas talvez não) inspirou pela primeira vez.
A mãe estava feliz, eu estava feliz (acima de tudo porque ela estava feliz, ao contrário de infeliz, o que seria mau), o mundo continuava a rodopiar pelo espaço sideral fora.
Vamos lá pensar onde está a diferença! Acabou o tempo, eu digo: Porque alguém decidiu ser profissional com ovários grandes, atalhar a direito no Protocolo, poupar na mesma dinheirito ao contribuinte saúdavel e sofrimento ao paciente.
O Protocolo pode chuparmos.
Fotos tasjaber